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Foto do escritorCleber Saydelles

Com que roupa eu vou?

Podemos dizer que o acabamento do mobiliário de madeira teve sempre um figurino de acordo com a época que foi criado. Cada criador, hoje diríamos designer, exercia o seu oficio com as ferramentas culturais da sua época e também com os recursos, produtos e técnicas. Por isso, no Século IX, circulavam receitas do mais ancestral dos vernizes: a gomalaca. Já nessa época, a madeira recebia uma atenção especial para aumentar a sua beleza e durabilidade. Hoje chamamos acabamento.


O acabamento traz consigo duas exigências. A primeira e a necessidade de preservar, de cuidar, de impedir que o movimento dos anos deteriore a madeira e espalhe pelo nosso móvel a decrepitude da idade. É inevitável para os seres vivos, mas não para o mobiliário. Por isso o acabamento traz sempre a sua outra função: embelezar. Proteção e beleza, nesse caso podem andar juntas. Vai depender muito da vestimenta que vamos escolher na ocasião.


Se o passar do tempo nos dá certeza da tradição deste ou daquele produto, a tecnologia nos aponta e indica caminhos que se abrem na velocidade de uma busca na internet. A milenar Gomalaca continua com o seu trono, mas a roupagem dos novos vernizes apontam um futuro que mistura cores, brilhos, tonalidades e texturas. Tudo isso para que o nosso móvel disponha de um guarda roupa bem farto para escolher a roupa que lhe cai melhor.


Até os anos 1970, o móvel brilhante levava o título de mais bonito e desejável. As técnicas de acabamentos eram meticulosamente aplicadas por artesões cientes da maestria do seu trabalho. Mesmo assim, nas décadas que se seguiram o mobiliário de madeira foi perdendo o brilho. O acetinado, o discreto encerado, os óleos e o semi brilho, ocuparam o posto do acabamento mais querido. Por um lado, vieram na esteira da praticidade, por outro tiraram de cena o brilho ofuscante da lakas e outros menos cobiçados. Praticidade e eficiência passaram a ser a roupagem da moda em quase todas as áreas. Na marcenaria, também.


Por isso, nestes tempos práticos, o acabamento dos nossos móveis de madeira não precisa seguir as tendências da moda. Pode beber na fonte ancestral da qualidade, dos figurinos tradicionais, tendo o cuidado de acrescentar e costurar os avanços da tecnologia e da magia criativa da humanidade. O acabamento segue com a sua sina e não abandona os moldes que sempre lhe caíram bem: proteção e beleza...

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